domingo, 21 de julho de 2013

Unindo o Brasil pela , por Joaquim Moncks

UNINDO O BRASIL PELA POESIA (*)

Joaquim Moncks (**)

A Poesia mensura a dimensão do ser humano,
em sua especificidade como indivíduo.
Não há nada mais íntimo, mais subjetivo.
Nesse momento, o poeta recria o mundo pelo Verbo.
J. Moncks, in "A VOZ INTERIOR". 

Irmãos associados da POEBRAS Praia Grande! Prezados leitores!

Consagra a Casa do Poeta Brasileiro – POEBRAS Nacional, o princípio do solidarismo. Não que a criação em prosa e verso, nas Casas afiliadas, venha a ser um ato coletivo, mas, sim, uma visão lírico-amorosa do todo – em prol da coletividade – consagrando como vetores principais a justiça social e o respeito aos valores fundamentais da criatura humana, naquilo em que ela se revela como verdade plena, mesmo que o sonho dos ideais perpasse como fantasia. Sonha-se, neste organismo igualitário de direitos e obrigações, que o mundo se faça como luz de grandeza para que o bem Felicidade possa acalentar o coração do Homem. Associamo-nos a estes princípios para que a vida possa vir a ser suportável e nos traga alguma alegria, num mundo de oportunidades desiguais.

A Poesia, carro-chefe emocional e instintivo desse naipe diferenciado da fauna humana (que vê o mundo como se fora o seu “reorganizador”) faz com que o agente da criação poética possa alinhavar lenitivo para todos os que cantam as dores humanas e acredita dirigir-se e poder vir a atingir uma expressiva parcela da humanidade, no decorrer dos tempos. A Arte Poética nasce como resposta individual desse agente de valores espirituais para se antepor aos desafios, à hostilidade de determinadas situações que pertinem como um gume sobre a sensibilidade dos “condenados à Palavra”, reunidos numa Casa de Pensamento.

Nesses “domicílios espirituais”, que, em muitas localidades nem casa existe fisicamente, sonha-se com o Novo, com uma novel sociedade orientada e balizada pelo respeito e prestigiamento dos irmãos de todas as classes sociais, principalmente no exercício de uma confraternidade para os que provêm dos estamentos sociais nitidamente desprovidos do vil metal, que a tudo compra no mercado globalizado e consumista. Um escritor novato que chega e bate à porta de uma sociedade de criadores de Poesia, beneficia a si e aos seus irmãos de inventiva e de condenação à “inspiração”, fruto da faculdade intuitiva. Nem todos chegarão aos mais altos degraus da perfeição estética, mas é no associativismo que tomam gosto e estímulo pelo Belo. Para nós, a eterna Poesia está na criatividade de um orador, na boca encenada de um ator, de um intérprete de versos, de um cantor, de um músico, de um artista plástico, de um artesão, de um escultor, de um ceramista bem ao gosto popular, metendo a mão no barro para dar vida à sua inventiva, como se criasse personagens com sopro vital.

Nas Casas de Poetas aglutina-se a ALMA DO POVO. Não se pretende o destaque individual, mas, sim, o coletivo. Quando o talento salta aos olhos, mais fácil é a caminhada futura. O que compete aos dirigentes das associações é “abrir portas” junto à comunidade local, revelar aos criadores interessados que há alguns viventes que podem ajudar na insossa e árdua caminhada para sair do anonimato. Os talentosos, em qualquer área da Arte, sabem que é necessário abrir espaço na mídia. E isto é tarefa pessoalíssima. No entanto, se houver um clima propício criado pela associação da qual este faz parte, o sucesso na empreitada pode vir a ser mais fácil e concreto.

Nós – elocubradores do nada – sempre seremos poucos num país de quase duzentos milhões de pessoas, em que poucos lêem, e, portanto, poucos chegam além do lugar comum da repetição do que ouvem. Acreditamos que podemos mudar o atual estado de coisas, para o bem do futuro da nação brasileira.

As Casas do Poeta são, em verdade, Casas de Cultura nascidas da aspiração popular. Porque o Poder Público, desde o período da chamada “exceção democrática”, a partir de 1964 até 1988, resolveu entender que o organismo estatal produz bens culturais, esquecendo-se de que o Estado é – e nada mais do que isso – um mero fomentador cultural, a quem cabe distribuir recursos. Furtou-se das organizações não governamentais o rótulo identificador “CASA DE CULTURA”. Em todo o país, essas “Casas” são órgãos governamentais, e, em geral, se cria nestes órgãos, a dependência das associações privadas às suas benesses e apaniguamentos. Acresça-se que aparecem nos três níveis da organização político-administrativa: federal, estadual e municipal. Prestigiam os que rezam pela cartilha dos dirigentes políticos no poder, naquela comunidade. Queremos que o Poder Público atenda às reivindicações dos setores culturais e dos produtores de cultura como frutos comunitários hauridos e organizados pelas organizações não governamentais.

O futuro da democracia brasileira está nas mãos dos agentes de setores organizados que respiram Liberdade. Acreditemos na luz no fim do túnel. Acreditemos e prestigiemos as lideranças culturais. O Brasil cresce a olhos vistos, chegando a ser afirmado como a sétima potência econômica mundial. É preciso crer nos valores culturais de cada comunidade. O Brasil tem múltiplas facetas, um rico mosaico a ser recolhido e documentado. Retomemos as rédeas da produção cultural em nossas mãos. Somos obreiros do sonho, mas temos de ter os pés no chão.

Esta Antologia tem o objetivo de congraçar aqueles que pensam (e pagam para falar para a posteridade), porque não têm medo do Futuro. Registre-se. E que se possa ler o que dizem os idealistas com os pés no chão. Afinal, somos 75 Casas de Poetas em 20 Estados-Membros da Federação Brasileira e pretendemos transformar esse estado de coisas que não mudou muito em quase 50 anos.

Salve os 35 anos da Casa do Poeta de Praia Grande/SP, a segunda em antiguidade, na articulação da POEBRAS Nacional. Tudo começou em 1976, com Nelson Fachinelli, o fundador; Aristeu Bulhões e um pugilo de idealistas de Praia Grande e Baixada Santista.

Parabéns a Celso Corrêa de Freitas e sua Diretoria, fachos de luz, na atualidade. Esta obra tem a marca dos que acreditam no sonho e no amor. Honremos a memória do homenageado dessa Antologia: Walter Rossi. Inspiremo-nos nesses luzeiros da década de 60, ao tempo dos Beatles, de Liverpool. Era algo de "new age"... E os visionários nos mostraram o caminho a percorrer.

Entre a fauna dos que pensam, alguns sabem agir.

Porto Alegre/RS, 20 de maio de 2011.

(*) Prefácio da 2ª Antologia da Casa do Poeta Brasileiro – POEBRAS Praia Grande, São Paulo.
(**) O autor é advogado, ativista cultural e poeta; atual Coordenador Executivo da POEBRAS Nacional.

– Do livro O HÁLITO DAS PALAVRAS, 2009/11.
Joaquim Moncks

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